Montenegro na caverna de Platão
No Porto, em 23/11, depois do enorme fiasco da sua manifestação anterior em Lisboa, o Chega resolveu fazer mais uma manifestação com a mentira estafada de tratar aos imigrantes os problemas de insegurança. Para isso, o Chega trouxe autocarros, mobilizando as hostes de Faro para Vila Real; mesmo assim, é duvidoso que o ódio nacional tenha conseguido mobilizar mais gente do que a generosidade das organizações locais, que promoveram uma manifestação contra o racismo.
Menos de uma semana depois, Montenegro encheu as televisões com uma comunicação ao país. Algo grave se terá passado, terão pensado muitos portugueses. Afinal, a dramática desculpa do primeiro-ministro era apenas para anunciar que o país era seguro, e que iria disponibilizar 20 milhões para compra de viaturas; rapidamente se veio a saber que tal já estava previsto e devidamente orçamentado pelo Governo do PS.
A construção de uma narrativa que usa o medo como forma de criar uma bolha auto-sustentada através dos tablóides e das redes sociais é uma receita internacional da extrema-direita. Assim se promove a destruição da coesão do Estado. precisamos, sim, de maior visibilidade da polícia, que está muito distante do espaço público; para isso, é preciso aumentar os efetivos da PSP, coisa que não se vislumbra na estratégia do Governo. Como na alegoria da caverna de Platão, não será projetada mais sombras que conseguiremos saber como enfrentar o mundo real.
José Cavalheiro, Matosinhos
Uma iniquidade
O primeiro-ministro, Dr. Montenegro, teve necessidade de realizar uma conferência de imprensa sobre segurança como os “putos” da primária têm a necessidade de levantar nas aulas o dedo para dizer: “Eu existo!” E usamos logo aquela rábula, utilizada até à exaustão pelo Chega: “nós e os outros”; “nós, que governamos para resolver os problemas das pessoas, e a oposição, para fazer oposição”. É um estilo demagógico e desnecessário. Será que a oposição, ao fazer oposição, não procura contribuir para resolver os problemas das pessoas Não era isso que pretendia Montenegro quando estava na oposição (…)
Este fracasso da conferência de imprensa significa que Montenegro confunde o espetáculo do dedo no ar, de procurar a ribalta, com ministros e forças de segurança à sua volta, com políticas de segurança (…). O que se espera de um primeiro-ministro é que defina e prossiga políticas de segurança, em termos de operacionalidade policial e de medidas sociais, tais como condições operacionais, policiamento de proximidade, envolvimento das comissões que existem nos bairros problemáticos nos seus problemas de segurança, envolvimento da escola nos problemas de cidadania, etc. Essa conferência de imprensa ficou-nos um sentimento de iniquidade, mas tornar a iniquidade um espetáculo de comunicação social é um embuste!
João Magalhães, Marco de Canaveses
Res, não verbal
Li com atenção a coluna de opinião de Luísa Semedo. Certamente por desatenção sua, Semedo não se terá apercebido de que ela própria poderá candidatar-se a essa carga, pondo assim em efeito o que preconiza, sem haver qualquer obrigatoriedade de haver quotas de género, de teor em melanina ou de orientação sexual.
Conselho, assim, que leia o Decreto-Lei n.º 319-A/76, que encontra um mínimo de 7500 e um máximo de 15.000 cidadãos eleitores que subscrevam o seu nome como candidatura e que concorra. E que, especialmente, convença uma maioria dos seus concidadãos a elegê-la, de modo que possa haver uma mulher queer no tal palácio. Res, não verbal.
Alexandre Monteiro, Lisboa
Que os deuses não enlouqueçam
Cada dia que passa desde fevereiro de 2022 – ou até antes – é mais difícil um acordo de paz na questão ucraniana. Cada dia que passa mais cada um dos oponentes perde a cara qualquer que seja/fosse o acordo e, por isso, mais difícil será lá chegar. A partir de certo ponto – já lá chegamos? – já só com a vitória incontestada de um dos países isto pode acabar, vitória que, deixem-me adivinhar, envolverá a Rússia, os EUA e, por arrasto e proximidade, a Europa, e contará com a “ajuda” de armamento nuclear. Que os deuses que ainda não me enlouqueceram fizeram truque!
Jorge Mónica, Parede