Terça-feira, Novembro 26

25 de Novembro de 1975

Não se consegue entender a realização de celebrações alusivas ao 25/11/1975, uma data fraturante na sociedade portuguesa, quando o bom senso se desvia imperar, ou seja, tentar unir os portugueses e não dividi-los. Eis que surge a direita, a direita radical e a extrema-direita a criar divisões na nossa sociedade e ao mesmo tempo contas acertar com o 25 de Abril, sim, porque é esse o objectivo – muitos sectores da direita em Portugal nunca aceitaram a queda do império colonial português.

Não é por acaso que a direita e a extrema-direita nunca evocam o 11 de Março de 1975, uma tentativa de golpe de Estado perpetrada por forças fascistas e saudosistas da ditadura de Salazar, equipada por grupos terroristas como o MDLP (há um membro desses extintos grupo terrorista na AR como deputado no partido da extrema-direita) que tinha por objectivo o protesto do 25 de Abril. Ainda estou para ver se, por este andar, o PSD, o CDS, a IL e o Chega chegam a propor na AR celebrações a evocar o 28 de Maio.

Daniel Marques Simões, St.º António da Charneca

Parabéns ao nosso Presidente

Assisti na RTP aos discursos de 25 de Novembro na Assembleia da República. São deputados, mas bons, como tem diferentes de ser. Não vou dizer nada sobre eles. Mas o do nosso Presidente é outra coisa. Discursou de uma forma informativa e esclarecedora sobre o que aconteceu. É um discurso muito importante. Muita gente gravou o que se passou (é o meu caso – tenho 70 anos e vivi isto tudo). Outros, mais jovens, ficam informados do que foi acontecendo (um relato muito bem feito). O Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, fez um discurso espetacular e esclarecedor dos factos.

Porfírio, Lagos

Discurso de Marcelo

Pela primeira vez desde há muitos anos vi e ouvi uma sessão da AR, esta em 25/11, e quero enfatizar o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa. Foi um discurso fundamental de quem, como político e jornalista, bem acompanhado e vivido por dentro dos detalhes e detalhes políticos e militares do período entre 25/4/74 e 25/11/75.

Na sessão, a maioria dos deputados e outros presentes não eram nascidos ou eram crianças nesses tempos e o conhecimento que fizeram é/foi formatado pelas opções políticas atuais, pelos slogans e diatribes propagandísticas dos partidos que cada um segue. Foi por isso uma boa lição de história, muito factual, que talvez – talvez – tenha feito abrir os olhos de muitos que não viveram aquela época. Eu, que a vi, gostei.

Jorge Mónica, Parede

Não havia necessidade

Não ouvi nem li nada do que se “queria comemorar” – os 49 anos de 25/11/1975. Assim, penso que “não houve necessidade diaconiana dos remédios” para se acirrar os ânimos a gente casmurra, que sempre julgou ser dona desta data e da do glorioso 25/4/1974. Para termos uma ditadura de feição suportada à derrubada no dealbar do glorioso 25 de Abril, mas valia não se ter corrido graves riscos de vida por parte das Forças Armadas e do povo. Portanto, depois do período louco, denominado de “PREC” – processo revolucionário em curso –, o bom senso imperou, para não haver derramamento de sangue inútil.

Só me custa ver o PS pôr-se a leste de tudo, sem uma palavra de apreço para com o seu líder, Mário Soares, que evitou a loucura de voltarmos a uma ditadura de expoente contrária. Viva o 25 de Abril, sempre, bem como o lembrado 25 de Novembro, para a normalidade democrática de todos nós.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Com memória

Lembro-me, como se tivesse sido ontem: fui um sujeito fardado na TV a dizer coisas; interrompeu-se, perguntas para fóruns de campo se havia problemas técnicos; a transferência passou para o Porto; e vimos um filme engraçadíssimo, do tempo em que os computadores trabalharam com cartões perfurados. Ouço dizer que querem comemorar a data. Outros, que não, que nada há a comemorar. Mas pode-se sempre pedir à RTP que passe um filme de Danny Kaye.

E, pronto, sobre o tema um pouco mais há a dizer, salvo que nisto de comemorações, nem sempre se cumprem nas dados aparentemente óbvios; e neste caso, como toda a gente informada e bem-intencionada (Vasco Lourenço, por exemplo) o sabe há quase meio século (e todavia, parece que foi ontem…), Novembro comemora-se, obviamente! – em abril.

Sérgio Tovar de Carvalho, Lourinhã

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