“Este é um concurso de grande escala e tem muita visibilidade (…) Tendo ganhado este concurso tenho um pouco mais de peso. Em alguns casos nem preciso de fazer audições para conseguir um trabalho”, disse a mezzo-soprano portuguesa, em declarações à Lusa.
Além do grande prémio, Cláudia Ribas, de 31 anos, foi a favorita do público, conquistando também o prémio Wagner e o prémio do Júri Júnior. Apresentaram-se ao concurso 67 participantes de 27 países diferentes. A cantora lírica interpretou “Höre mit Sinn, was ich dir sage” de “O Crepúsculo dos Deuses” de Richard Wagner, e “Mon coeur s’ouvre à ta voix” de “Sansão e Dalila” de Saint-Saëns.
“Fiquei surpreendida e super contente. É um sentimento de uma alegria, e uma sensação que nem sei bem explicar. Quase não conseguia acreditar. Nunca sabemos quem está do outro lado a ouvir, não podemos antecipar o que o júri vai decidir”, apontou.
Cláudia Ribas começou a estudar canto no conservatório de Coimbra com 18 anos, mas a ligação à música começou mais cedo.
“Sempre cantei desde miúda. A minha mãe fazia parte do coro misto da Universidade de Coimbra e sempre fomos ligados à música, não de forma profissional, mas como hobbi. A minha mãe foi uma grande incentivadora da música em minha casa, então sempre cantei na escola, nos receitais, às vezes no coro da igreja”, recorda.
Percebeu cedo que o futuro da sua carreira não passava por Portugal. Obteve a licenciatura no Conservatório de Amesterdão e o mestrado na Academia Real Dinamarquesa de Música.
“Senti que tinha de ser porque não estava muita agradada com a formação que estava a ter em Portugal e com a perspetiva de canto em Portugal (…) Então resolvi experimentar a minha sorte fora, e acho que fiz bem porque as pessoas que vejo que vieram para o estrangeiro têm tido muito mais sucesso do que as que ficaram. A perspetiva de trabalho em Portugal é muito limitada”, lamenta.
Admite voltar a Portugal, mas apenas em trabalho, não para viver. Juntou-se ao Opera Studio, na Opera de Frankfurt, na temporada de 2022/2023.
“Tem sido interessante, estou a gostar do trabalho que estou a fazer (…) O nível dos cantores é muito alto e estou sempre a aprender. Comparativamente, a Holanda também está um pouco limitada em termos de trabalho (…) A Alemanha está pejada de casas de opera em todos os cantos, e há muito mais trabalho aqui. Há sempre concertos, espetáculos. E é bom para a nossa carreira como artistas”, sublinha.
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