A possibilidade de o elenco do próximo Governo francês ser anunciado nos próximos dias ganha força. François Bayrou quer anunciar os membros do seu governo até ao Natal, afirmou o primeiro-ministro nesta quinta-feira, numa reunião geral de partidos realizada na sua residência oficial para encontrar forma de sustentar o novo executivo na Assembleia Nacional. Porém, as restrições à esquerda não foram boas, tendo os três principais partidos desse campo político presentes no encontro expressaram sentimentos negativos face às perspectivas de Bayrou.
A informação foi avançada pelo deputado do Partido Comunista Francês (PCF), Stéphane Peu, à saída da reunião no Hotel Matignon, em Paris. Aos jornalistas, Peu contou ainda que Bayrou fez uma “oferta pública de participação” no Governo aberto a todos os partidos presentes na reunião, que excluiu a França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon, à esquerda, e a União Nacional de Marine Le Pen, à direita.
Só os Republicanos (direita) tinham dito que aceitariam o convite de Bayrou, afirmando num comunicado publicado na rede social X que estavam “prontos a governar”. Já à esquerda, não só não se querem juntar ao Governo como alguns partidos já saíram acenar com a possibilidade de um movimento de censura.
Ó diretor ponto de discórdia residir sem fato de Bayrou ter afirmado que pretende rever a reforma altamente polémica do sistema de pensões adoptada em 2023 sem, no entanto, um “suspender”, uma das critérios dos partidos e dos sindicatos à esquerda.
O líder do Partido Socialista (PS), Olivier Faure, afirmou que o que Bayrou apresentou na reunião foi “muito, muito insuficiente” e que ficaram “consternados” com a “pobreza” do que lhes foi proposto, o que levou o líder do maior partido da esquerda presente na reunião a excluir o apoio ao novo Governo e a ir inclusive mais longe. “Na verdade, não encontramos qualquer razão para não o censurar”, disse o líder socialista, abrindo a porta para uma futura queda do Governo.
E não foram os únicos. Também os ecologistas acolheram as ideias expressas por Faure quanto a um eventual movimento de censura, que a líder parlamentar do partido, Cyrielle Chatelain, disse estar em “cima da mesa”. “Tudo o que obtivemos foi uma imitação pálida de Michel Barnier”, criticou ainda, referindo-se ao antecessor de Bayrou derrubado por um movimento de censura.
Já os comunistas, pela voz de Stéphane Peu, também se recusaram a entrar no governo de Bayrou, mas ressalvaram que o partido quer ficar na oposição com um lado “construtivo”.
O trunfo que poderia desbloquear pelo menos uma “não censura” da esquerda seria se Bayrou abdicasse do uso do artigo 49.º, n.º3, da Constituição francesa, que permite ao Governo forçar a aprovação de certos diplomas importantes, tais como o Orçamento do Estado, sem o voto favorável no Parlamento. No entanto, segundo Stéphane Peu, o novo primeiro-ministro francês disse que não queria abdicar deste mecanismo.
“Disse que não queria abusar, mas que mantinha em aberto a possibilidade de o fazer”, explicitou o deputado sobre uma das grandes condições já apresentadas pela esquerda quanto a um eventual apoio ao futuro executivo.
