Terça-feira, Janeiro 7

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Eles vivem no ar. De cabeça para baixo, agarradas a tecidos e liras, e dando um mostrar de beleza, força e resistência. E quem são essas mulheres poderosas? A engenheira do ambiente Nathalia Gaiarim, 33 anos, é uma delas. Aluna do Jaya – Aerial Lab, uma escola de acrobacias aéreas, em Lisboa, ela diz que não se imagina mais sem a adrenalina que a atividade, que faz bem à cabeça e ao corpo, lhe proporciona. “É um escape mental”, afirma. “Um exercício de autoconhecimento porque estou sempre lidando com meus medos. É um desafio constante, um ato de perseverança. Eu passo horas treinando. Se eu erro e me machuco, tenho que continuar, e, depois que consigo, é uma sensação muito boa”, conta.

Quando chegou a Portugal, há oito anos, Nathalia, que teve aulas de trapézio quando morava em Campinas, sentiu falta das apresentações circenses. Uma das primeiras alunas do Jaya, ela conta que também fez amigos para o resto da vida na escola lisboeta, que é frequentada por homens, mulheres (que ainda são a maioria) e crianças a partir dos 5 anos de idade.

Casada, ela ressalta a importância de ter um “cantinho só seu”. “É um espaço acolhedor, onde eu tenho a minha turma particular. É a minha tribo”, conta. “Quando não estou em casa, meu marido já deduz que estou na escola”, brinca. Além de brasileiros, Nathalia explica que há alunos de vários países. “A diversidade é muito grande. Às vezes, as lições são até em inglês”.

Para manter a forma

Uma das professoras do espaço, Angélica Evrard, 46 anos, garante que qualquer pessoa, que não tenha alguma lesão, pode praticar acrobacias aéreas. E ficar a até 9 metros de altura do chão. “A Nat foi uma das minhas primeiras alunas, e o mais curioso é que ela começou com o filho da minha professora no Brasil”, conta Angélica, que estudou Artes Cênicas na Unicamp, em São Paulo, e Artes do Espetáculo, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. “Também fiz aulas de circo no Rio de Janeiro e em São Paulo”.

Em Portugal desde 2006, um artista circense diz que “achou o seu lugar no mundo e foi ficando”. “Tive a sorte de conseguir atuar na minha área”, comemora ela, que também desenvolve atividades externas para a parte teórica como a história do circo. E avisa: as grandes escolas de circo do mundo estão na Europa. “Hoje temos grandes festivais aqui”, avalia.

Sobre as vantagens de se dedicar à acrobacia aérea, Angélica aponta como grande benefício o desenvolvimento da progressão motora. Mas o que se ganha vai muito além disso. “Tem um lado interessante que é você permitir se desafiar e ter paciência para isso. Hoje as pessoas querem tudo de imediato. É saudável, no mundo atual, saber esperar para colher os frutos de um trabalho árduo”, explica.

Angélica também destaca que participar de alguma atividade física é um bom antídoto para os brasileiros que se sentem sozinhos em Portugal. “Crie sempre uma comunidade: o grupo da ioga, o grupo da corrida. Para quem sofre de ansiedade, então, é ótimo”, afirma. “Teve uma aluna que uma vez me disse que gostava de acrobacia porque, enquanto realizava os movimentos, não pensei na louça que tinha para lavar em casa”.

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