Sábado, Outubro 19

A preservação dos esqueletos é tão boa que os especialistas esperam reconstruir histórias de vida detalhadas e explorar aspetos como o parentesco e os padrões de migração.

Arqueólogos na Dinamarca descobriram um cemitério da Era Viking com 50 esqueletos “excecionalmente bem preservados”, uma descoberta que permitirá realizar análises de ADN e investigar os padrões sociais da época.

Os arqueólogos do Museu Odense, responsáveis pela descoberta no final do ano passado, explicam que a boa conservação se deve à química do solo, particularmente ao giz e aos elevados níveis de água.

“Esta é uma descoberta muito emocionante. Encontrámos esqueletos muito, muito bem preservados. Nada que tenhamos visto em muito tempo. Normalmente, teríamos sorte em encontrar alguns dentes, mas aqui temos esqueletos inteiros”, diz o arqueólogo Michael Borre Lundoe.

A descoberta ocorreu durante uma pesquisa de rotina para trabalhos de renovação de uma linha elétrica nos arredores da aldeia de Aasum, a cinco quilómetros de Odense. O cemitério, com cerca de 2.000 metros quadrados, inclui homens, mulheres e crianças, além de alguns corpos cremados.

Potencial para novas descobertas científicas

A qualidade da preservação permite aos especialistas realizar análises de ADN, abrindo novas possibilidades para a investigação científica.

“Isto abre uma caixa de ferramentas totalmente nova. Esperamos analisar o ADN de todos os esqueletos para descobrir se estavam relacionados e de onde vieram”, afirma Lundoe.

Embora seja comum associar os Vikings (entre 793 e 1066 d.C.) a guerreiros, Lundoe acredita que esta descoberta revela uma comunidade agrícola. O cemitério está localizado a poucos quilómetros de uma antiga fortaleza viking, que hoje é o centro de Odense.

Entre os enterros, destaca-se o de uma mulher encontrada numa carroça viking, sugerindo que pertencia à classe alta. Junto aos esqueletos, os arqueólogos descobriram alfinetes de peito, contas de colar, facas e até um pequeno pedaço de vidro que poderá ter servido como amuleto.

Artefactos que revelam rotas comerciais

Os desenhos dos alfinetes encontrados indicam que os enterros ocorreram entre 850 e 900 d.C., durante o reinado do rei Gorm, o Velho. Muitos dos artefactos vieram de regiões distantes, lançando luz sobre as rotas comerciais dos Vikings no século X.

Iniciada em abril, a escavação de seis meses termina este mês, com caixas de artefactos enviadas para os laboratórios de preservação do Museu Odense para limpeza e análise.

A conservadora Jannie Amsgaard Ebsen destaca que, além dos esqueletos, poderão ser encontrados outros materiais orgânicos preservados nos artefactos, como pregadeiras e facas.

“Temos esperança de encontrar outros restos orgânicos, por exemplo, na parte de trás dos alfinetes, nas facas e em tudo o resto, para que possamos ter uma pequena ideia de todas essas partes invisíveis que normalmente se deterioram no solo. É um pouco como um puzzle, pois todas as peças do puzzle serão colocadas juntas. Estamos com esperança de obter uma visão geral. Quem eram as pessoas ali viviam? Com quem interagiram? Como se vestiam? Que tipo de joias estavam na moda há cerca de 1.100 anos?”.

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