Segunda-feira, Janeiro 6

A Apple acordou pagar 95 milhões de dólares (cerca de 92 milhões de euros) para arquivar uma acção judicial colectiva em que um assistente virtual dos produtos da empresa, a Siri, era acusado de violar a privacidade dos seus utilizadores ao gravar e divulgar conversas íntimas sem autorização.

A proposta de acordo foi apresentada esta semana no tribunal federal de Oakland, na Califórnia, e ainda carece de aprovação pelo juiz do caso.

Em causa estão reclamações de proprietários de iPhones que denunciam a gravação sistemática de suas conversas privadas pela Apple, depois de ativarem a Siri de forma não intencional, e a divulgação do conteúdo dessas conversas a terceiros, como anunciantes.

Os assistentes virtuais ativados por voz, softwares como a Siri ou a Alexa (da Amazon), reagem a certas palavras utilizadas pelos usuários para responder a questões ou executar tarefas que são pedidas.

Dois dos queixosos afirmam que, depois de mencionar o ténis da linha Jordan da Nike ou o restaurante Olive Garden, por exemplo, vieram a ver anúncios a esses produtos ou estabelecimentos. Outro queixoso diz ter começado a ver publicidade a uma determinada intervenção cirúrgica depois de a ter planejado, em privado, com o seu médico.

As queixas remontam aos últimos dez anos, desde Setembro de 2014, altura em que a Apple adicionou a funcionalidade de activação da Siri por voz, através das palavras “ei, Siri“, o que será levado à produção inadvertidamente de gravação não autorizada pelos detentores dos telemóveis.

O acordo permitirá agora que milhões de consumidores norte-americanos recebam, de forma compensatória, até 20 dólares (19,39 euros) por cada dispositivo adquirido num intervalo de tempo definido que funciona com um assistente Siri.

No acordo, a Apple nega ainda ter cometido qualquer irregularidade, não tendo feito uma admissão de culpa.

Os 95 milhões de dólares que uma empresa norte-americana poderá gastar em pagamentos aos queixosos representam apenas cerca de nove horas de lucro para a Apple, que obteve um lucro superior a 90 mil milhões no seu último ano fiscal.

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