Quarta-feira, Outubro 9

Mais tarde, Aguiar Branco recuou no parecer após ter ouvido reparos de todos os partidos exceto do PSD. Explicou que tinha decidido proibir a entrada a bombeiros fardados não por qualquer “discriminação em relação aos bombeiros”, mas porque queria dar-lhes “tratamento igual” a outras categorias profissionais

Os bombeiros que quiseram assistir ao debate da profissão na Assembleia da República foram proibidos de entrar fardados. Mais tarde, depois da contestação da Associação nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) e a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) foi-lhes permitida a entrada. 

“Não se compreende a decisão do presidente da Assembleia da República de proibir a entrada de bombeiros fardados. Isto é só lançar gasolina para a fogueira e de fogos percebemos nós”, disse à Lusa Fernando Curto, presidente da ANBP, à entrada do parlamento, onde a PSP está a condicionar a entrada.

Posição semelhante tem a LBP que, na sua página do Facebook, questiona a “oportunidade da decisão do presidente da Assembleia da República, em proibir hoje cidadãos fardados de bombeiro nas galerias do plenário”, uma decisão com a qual foram confrontados hoje vários elementos.

Segundo Fernando Curto, apenas os “dirigentes dos sindicatos e associações convidados pelo PCP — que agendou o debate no plenário – estão autorizados a entrar fardados”, o que cria “uma espécie de dois pesos e duas medidas”, já que “há aqui pessoal que queria ouvir o que se passa, porque está interessado no que os deputados dizem sobre os seus problemas”.

“Viemos fardados para dignificar a farda e a Assembleia. Não tem lógica nenhuma proibirem-nos. Caso existam problemas, cabe à PSP lidar com eles e afastar as pessoas que os cometerem”, acrescentou.

Aguiar-Branco recua e permite que bombeiros fardados assistam a debate no parlamento

O parlamento debateu esta quarta-feira dois projetos de lei do  PCP que visam reforçar os direitos e regalias previstos no estatuto social do bombeiro e valorizar aquela profissão, através do seu reconhecimento como uma carreira de desgaste rápido.

Mas antes de começar o debate, Aguiar-Branco recuou no parecer após ter ouvido reparos de todos os partidos exceto do PSD. Explicou que tinha decidido proibir a entrada a bombeiros fardados não por qualquer “discriminação em relação aos bombeiros”, mas porque queria dar-lhes “tratamento igual” a outras categorias profissionais, frisando que, no passado, também se impediu a entrada a polícias, militares, enfermeiros ou médicos com a sua farda de trabalho.

Acrescentou ainda que “não manipula as ocasiões para fazer alguma atividade de natureza particular para ser mais ou menos popular enquanto presidente da Assembleia da República”, frisando que todos os cidadãos lhe “merecem igual respeito”.

“Aqui nós temos tido regras e as regras é que, na galeria, devem estar de forma neutral. É só isto”, disse.

No entanto, Aguiar-Branco decidiu recuar da sua decisão, salientando que, em função da sua leitura da vontade da câmara e do que foi dito pelos deputados, “devem assistir os senhores bombeiros que estão presentes lá fora”.

“Peço às autoridades que, em conformidade com aquilo que foi aqui referido, a título excecional, possam estar presentes com as respetivas fardas”, disse.

Bombeiros querem resposta do Governo até ao final do mês

Na terça-feira, o Governo anunciou a criação de um grupo de trabalho que vai preparar uma proposta de carreira, benefícios, regalias e formação para os bombeiros voluntários e profissionais.

Os bombeiros profissionais deram na segunda-feira um prazo até ao final do mês para o Governo responder às suas reivindicações laborais, que já foram objeto de uma manifestação na semana passada. Uma das queixas dos profissionais é de que a profissão não existe apenas durante os incêndios.

“Quando ocorrem os incêndios florestais aplaudem-nos, mandam-nos mensagem de apreço, de coragem, e depois quando têm de demonstrar essa coragem que é na aprovação das leis que nos defendem, nenhum dos partidos ou poucos dos partidos aprovam essas leis e isso é que, às vezes, nos deixa tristes e por isso é que nós cá estamos”, diz Carlos Afilhado, comandante dos Bombeiros de Oeiras.

O anúncio foi feito no seguimento de uma reunião, na segunda-feira, do conselho geral da Associação Nacional das Bombeiros Profissionais (ANBP) e o Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP), que aprovaram um caderno reivindicativo

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