Sexta-feira, Outubro 25

A TVI/CNN Portugal sabe que a Polícia Judiciária recolheu e cruzou imagens de videovigilância e vídeos amadores, e concluiu que não havia qualquer arma branca nas mãos de Odair Moniz no momento do confronto com os dois polícias na Cova da Moura

São várias as evidências de uma contradição na versão dos factos tornada pública pela PSP. No comunicado emitido na segunda-feira, a polícia era peremptória.

“Quando os polícias procediam à abordagem do suspeito, o mesmo terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca, tendo um dos polícias, esgotados outros meios e esforços, recorrido à arma de fogo e atingido o suspeito, em circunstâncias a apurar em sede de inquérito criminal e disciplinar”, podia ler-se.

Mas a TVI/CNN Portugal sabe que a Polícia Judiciária recolheu e cruzou imagens de videovigilância e vídeos amadores, e concluiu que não havia qualquer arma branca nas mãos de Odair Moniz no momento do confronto com os dois polícias na Cova da Moura. As imagens mostram que houve de facto um confronto físico, com o suspeito a resistir à detenção, mas nenhuma faca.

A investigação da PJ aponta, por isso, para excesso de legítima defesa e uso desproporcional de meios por parte do polícia.

Nas declarações prestadas à Polícia Judiciária pelos dois agentes da PSP nas horas seguintes aos acontecimentos, um deles começou por afirmar que lhe parecia ter visto um reflexo de uma lâmina, mas, tal como a TVI/CNN Portugal avançou na quarta-feira, os dois agentes admitiram que não tinham sido ameaçados de faca em punho antes dos disparos.

Pela descrição dada à PJ, o jovem agente, na casa dos 20 anos e com apenas um ano de experiência na polícia, tinha sacado da arma de serviço e efetuado um disparo de aviso para o ar. No calor do confronto físico com o suspeito, efetuou mais dois disparos, que atingiram Odair na zona da axila e no abdómen.

“O que sabemos e comunicámos é o que está no auto de notícia e neste o agente relatou que houve tentativa de agressão com recurso a arma branca e que se defendeu”, esclareceu fonte oficial da PSP.

Ou seja, terá sido o próprio agente que disparou sobre Odair Moniz quem forneceu versões contraditórias dos factos, nos autos e à PJ.

A TVI/CNN Portugal sabem que a PJ recolheu efetivamente para análise uma arma branca, encontrada já depois do tiroteio, junto a uma bolsa que pertenceria a Odair. 

O procurador-geral da República quer ver o caso esclarecido rapidamente.

Odair Moniz tinha cadastro criminal ligado ao tráfico de droga, ofensas à integridade física e assalto à mão armada, nomeadamente de um taxista, crime pelo qual chegou a cumprir pena de prisão.

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