Terça-feira, Outubro 8

“A questão de saber se a paz é possível é um pouco prematura”, afirmou a professora de Política e Relações Internacionais na University College London, Julie Norman, salientando a rejeição da parte da classe política. 

 

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu “não só evitou dizer a palavra ‘Palestina’ na ONU. O Knesset, o parlamento israelita, aprovou este verão uma resolução que afirma que nunca será criado um Estado palestiniano”, acrescentou. 

“Esta é a realidade com que estamos a lidar”, referiu, durante o debate “Israel-Palestina: A paz é possível?”, promovido em Londres pelo centro de estudos britânico Chatham House.

Também a advogada de direito internacional Naomi Bar-Yaacov fala num país “profundamente traumatizado”.

“É muito difícil para os israelitas avançarem no sentido da paz antes de os reféns voltarem, todos eles. A sociedade está dividida, mas não nisto”, afirmou a antiga assessora na ONU. 

O jornalista Amjad Iraqi, membro do centro de estudos palestiniano Al-Shabaka, considera que ainda não existem condições dos dois lados para tornar a paz possível e que a continuação do conflito “continua a ser positiva” para Israel e para o Hamas.

Segundo Iraqi, “do lado israelita pode haver um consenso social esmagador em torno da libertação dos reféns, mas a maioria continuaria a apoiar, ou mesmo a ser indiferente, à continuação da guerra em Gaza”, o que não favorece as negociações para um cessar-fogo. 

“Para o Hamas, a sua posição nas negociações é que quer um cessar-fogo permanente. Não se trata de uma exigência do Hamas, mas sim de uma exigência palestiniana, independentemente do que se pensa do Hamas”, afirmou.

A diretora do Programa do Médio Oriente e Norte de África do Chatham House, Sanam Vakil, lamentou que este impasse e o risco de um agravamento do conflito em toda a região do Médio Oriente não seja surpreendente para os observadores mais atentos. 

“O que é que vai ser preciso para sair desta escalada? Esta é a grande questão, que exige que analisemos o caleidoscópio de atores regionais mais vastos e os seus objetivos”, sugeriu.

Contando “pelo menos seis guerras nos últimos 40 anos”, esta especialista avisou que “as guerras militares ainda não se traduziram em paz e segurança para Israel, nem para toda a região” e que a solução terá de ser política. 

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