Quinta-feira, Outubro 17

A suspensão de uma pós-graduação promovida pelo Observatório do Racismo e Xenofobia e anunciada no site da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, que foi fortemente criticada por ter apenas formadores brancos, já é notícia ‘lá fora’.

 

Depois de ter sido avançada em Portugal, a polémica chegou à agência Reuters, meio a partir do qual se propagou pelo mundo.

“Universidade em Lisboa suspende planos para curso sobre racismo lecionado por funcionários brancos” foi o título adotado pelo The Guardian, que conversou com a jornalista e criadora da rede Afrolink, Paula Cardoso.

“A mensagem promocional do curso estava carregada de questões. Como se ainda precisássemos de defender a existência do racismo e o seu profundo impacto na vida dos indivíduos negros e de outras comunidades marginalizadas”, disse.

A agência Reuters, por seu turno, deu destaque às “Reações negativas após o curso sobre racismo da Universidade de Lisboa ser lecionado apenas por professores brancos”.

É que, recorde-se, a ‘Pós-graduação em Racismo e Xenofobia’ foi criticada não só pelos formadores escolhidos, mas também por um tema de um dos painéis, que lançava a questão: ‘O racismo existe mesmo?’

Na ótica de Paula Cardoso, “é absurdo” que “um ‘curso de pós-graduação em racismo e xenofobia’ [seja] coordenado inteiramente por pessoas brancas e lecionado sem uma única pessoa não-branca”.

“Não faz sentido nenhum. É como uma organização que combate a discriminação contra as mulheres ser composta apenas por homens”, disse à Lusa.

Por seu turno, a diretora da instituição, Margarida Lima Rego, afirmou, por escrito, que “a faculdade e o Observatório não tiveram qualquer intenção de minimizar temas que são importantes e relevantes para qualquer sociedade, nem discriminar pessoas”.

“Tratou-se de uma falha interna e a NOVA School of Law já está a tomar medidas para que tal não volte a suceder”, disse, afirmando lamentar “a polémica criada com o anúncio da criação da pós-graduação”.

A responsável garantiu ainda que o programa publicitado, e que na segunda-feira já não estava a ser anunciado, depois das críticas que motivou, “era diferente do anteriormente apreciado pelo conselho científico”.

Ainda assim, Paula Cardoso apontou que era o “mínimo que podíamos esperar”, apesar de ter salientado que, após as suas críticas, ninguém do observatório entrou em contacto consigo para responder às suas preocupações.

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