Quinta-feira, Setembro 19

Os incêndios que lavram desde domingo em Portugal continental, com incidência nas regiões Centro e Norte, onde já arderam mais de 75 mil hectares, causaram a morte de sete pessoas e deixaram 118 feridas, 10 das quais com gravidade.

Além dos sete mortos e 118 feridos, 10 em estado grave e 49 com ferimentos ligeiros, mais de 50 pessoas foram assistidas nos teatros de operações, sem necessidade de hospitalização.

Três bombeiros da corporação de Vila Nova de Oliveirinha, em Tábua, morreram na terça-feira quando se deslocavam para um incêndio naquele concelho do distrito de Coimbra. O município de Tábua decretou três dias de luto municipal e vai propor a atribuição da medalha de mérito e altruísmo aos três bombeiros.

Momentos de grande emoção no último adeus ao bombeiro que morreu em Oliveira de Azeméis

Realizou-se esta quarta-feira à tarde o funeral de João Silva, o bombeiro de 60 anos que morreu no passado domingo durante uma pausa no combate ao incêndio em Oliveira de Azeméis. A cerimónia contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco.

Vento e reacendimentos complicam combate às chamas

Apesar da chegada, pelas 03h00, de 230 bombeiros espanhóis da Unidade Militar de Emergências para ajudar no combate aos incêndios, em algumas zonas do país a situação complicou-se esta quarta-feira, com a alteração do vento e vários reacendimentos.

Aveiro continuou a ser um dos distritos mais fustigados, com as chamas a lavrar com intensidade nos concelhos de Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Águeda, que se mantém como o mais complicado.

Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis em fase de resolução

Os incêndios em Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis entraram, entretanto, em fase de resolução e, pelas 22h00, a Proteção Civil acreditava que os trabalhos em Sever do Vouga seriam também favoráveis à resolução do fogo.

Passadiços do Paiva atingidos pelo fogo durante a noite

Durante a madrugada, as chamas que lavravam em Castro Daire, no distrito de Viseu, alastraram-se aos concelhos vizinhos de São Pedro do Sul e de Arouca, no distrito de Aveiro, sendo que, neste último já destruiu cerca de dois quilómetros dos Passadiços do Paiva.

No distrito do Porto, depois de uma “noite terrível” no concelho de Gondomar, os focos de incêndios começaram a ceder aos meios e o fogo entrou em fase de resolução pelas 20h30.

Em Viseu, com especial incidência em Mangualde, Nelas e Castro Daire, e Vila Real, com focos maiores em Vila Pouca de Aguiar, os fogos continuaram também a gerar preocupação.

Em Braga, após cinco dias em que os incêndios não deram tréguas aos operacionais no terreno, todos os incêndios estão em fase de resolução, nomeadamente os que lavravam nos concelhos da Póvoa de Lanhoso e de Vieira do Minho.

“Foi um dia bom”: dois fogos em resolução e terceiro a evoluir de forma favorável em Aveiro

Dois dos quatro grandes incêndios que lavram no distrito de Aveiro, com um perímetro global de 300 quilómetros, já estão em resolução e há perspetivas de um terceiro entrar em resolução na noite desta quarta-feira, informou a proteção civil.

“Foi um dia bom”, observou o segundo comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Mário Silvestre, durante um ‘briefing’, realizado pelas 21h30.

“Conto durante a noite de hoje, e não muito tarde, dar o incêndio de Sever do Vouga também em resolução, se correr tudo como previsto”, afirmou.

Uma hora antes, o comandante nacional da Proteção Civil, André Fernandes, destacava que as próximas 24 horas “iriam continuar a ser muito complexas” no combate aos incêndios, que “têm ainda muita intensidade e energia”.

Estradas cortadas

Os incêndios desta quarta-feira obrigaram ao corte de várias autoestradas e estradas nacionais no Porto, Aveiro, Vila Real e Viseu.

De acordo com a última atualização feita pela GNR, pelas 20h40, no distrito do Porto, a estrada nacional 108 (EN108), que estava cortada entre a rotunda da A41 E Melres, no concelho de Gondomar, foi reaberta.

Também no distrito de Vila Real, foi reaberta a estrada nacional 2 (EN2), na zona de Vila Pouca de Aguiar, e a estrada nacional 108 (EN108), na zona do Planalto de Monforte.

No distrito de Viseu, a estrada nacional 231 (EN231), que estava cortada entre Vila Viçosa e Mourelos, em Cinfães, foi reaberta, permanecendo, no entanto, totalmente cortadas ao trânsito as estradas nacionais 228 (EN228), entre Figueira Alva – Fermentel, e entre Pindelo e Ponte Pedrinha, e 225 (EN225), entre Cabril e Pinheiros.

Em Aveiro, permanecem também totalmente cortadas as estradas nacionais 333 (EN333), entre Talhadas e Águeda, e 326-1 (EN326-1), entre Canelas e Alvarenga.

Pelas 16h10 já não havia autoestradas cortadas em Portugal continental.

Possibilidade de aguaceiros poderá desagravar a situação

Estima-se que o perigo de incêndio rural comece a desagravar a partir de quinta-feira, dia em que são esperados aguaceiros, que, no entanto, só vão chegar na sexta-feira às regiões do Norte e Centro, as mais afetadas pelos incêndios.

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 106 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões norte e centro, atingidas pelos incêndios desde o fim de semana, já arderam 75 645 hectares.

“Mão firme para incendiários? O Governo não tem poder para influenciar penas”

A advogada Ana Rita Duarte Campos referiu que o Governo não tem poder para influenciar as penas impostas nos processos-crime, acrescentando que o quadro penal em Portugal é “pesadíssimo”.

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