Sexta-feira, Novembro 29

“Em 2023 e no primeiro semestre de 2024, 18% dos novos créditos à habitação (excluindo renegociações e transferências de créditos) foram concedidos a cidadãos estrangeiros”, indica o BdP no Relatório de Estabilidade Financeira de novembro. Neste sentido, o peso dos cidadãos estrangeiros (residentes e não residentes) no stock de crédito imobiliário aumentou de 6,9% em dezembro de 2022 para 8,2% em junho de 2024.

“O aumento da população estrangeira residente e a procura de habitação por parte de não residentes contribuem para este crescimento. Em termos agregados, este efeito será também potenciado por uma alteração do perfil da procura, em particular por uma maior procura de habitação permanente por parte de estrangeiros em idade ativa e faixas etárias mais jovens”, explica o regulador bancário.

Clara Raposo, vice-governadora, considera que “o Banco de Portugal tem interesse em acompanhar [this change in demand] para que possamos compreender melhor a natureza do crédito que os bancos concedem, a quem e como”.

No que diz respeito à compra de habitação em Portugal, os não residentes representaram 6% do número de transações e 10% do valor no primeiro semestre de 2024, ligeiramente abaixo do observado nos últimos anos. E o preço médio de compra de uma casa a um comprador não residente (345 mil euros) manteve-se superior ao valor médio dos residentes (198 mil euros). Entre os não residentes, há também uma diferença no valor médio das compras entre compradores com residência fiscal na União Europeia, 280 mil euros, e nos restantes países, 408 mil euros.

“A população estrangeira residente em Portugal tem crescido significativamente, compensando os saldos naturais negativos e contribuindo para o crescimento da população total, com impacto nos preços da habitação”, comenta o BdP. Nos últimos anos, a procura por estrangeiros com maior poder de compra tem sido impulsionada por algumas medidas, como os vistos gold e o regime de Residentes Não Habituais, admite o regulador liderado por Mário Centeno. Embora estes incentivos fiscais tenham terminado entre o final de 2023 e o início de 2024 resultaram numa quebra na procura de casas para venda em Portugal.

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